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Dor óssea? Pode ser Mieloma


O mieloma múltiplo é uma doença maligna clonal dos plasmócitos da medula óssea. E, portanto, uma neoplasia hematológica muito semelhante a leucemia. As principais características da doença resultam desse acúmulo progressivo de células do mieloma na medula, que provoca:

  • Comprometimento da função da medula óssea normal, que costuma ser refletido pela presença de anemia;

  • Dano aos ossos (osteólise);

  • Liberação de proteína monoclonal (Proteína M) pelo mieloma na corrente sanguínea e/ou na urina podendo resultar em perda da função renal;

  • Supressão da função imunológica normal, refletida por níveis mais baixos de imunoglobulinas normais e maior susceptibilidade as infecções.

As células do mieloma também podem crescer na forma de tumores localizados ou plasmocitomas. Esses plasmocitomas podem ser únicos ou múltiplos e podem ficar restritos a medula óssea e ao osso ( medular) ou se desenvolver fora do osso em tecidos moles. Os plasmocitomas fora do osso são denominados extramedulares. Quando existem vários plasmocitomas dentro e fora do osso, a condição também e conhecida como mieloma múltiplo.

A incidência do mieloma nos EUA é de 3-4/100.000, o que representa cerca de 1 % de todos os tipos de câncer. No Brasil, estima-se que cerca de 8.000 brasileiros recebem o diagnóstico da doença por ano. Acomete mais homens, com idade superior a 65 anos. Nos últimos anos vem aumentando a frequência de mieloma em pacientes com menos de 55 anos provavelmente, devido a fatores ambientais relacionados ao mundo moderno.

Alguns estudos mostram que indivíduos que trabalham expostos a agentes tóxicos bem como os indivíduos com obesidade tem risco aumentado de desenvolver mieloma. A ingestão de frutos do mar e peixes contaminados com metais pesados e/ou produtos químicos pode ser um fator de risco para mieloma. Outras condições medicas incluindo doenças do sistema imunológico e infecções também podem ser fatores desencadeantes. Atualmente, vários estudos estão focando nos fatores de risco genético para o aparecimento da doença.

O crescimento descontrolado das células do mieloma tem muitas consequências, dentre elas, destruição óssea, insuficiência da medula óssea, aumento do volume plasmático e da viscosidade, supressão da produção normal de imunoglobulina e insuficiência renal. No entanto, a doença pode permanecer assintomática por muitos anos. NA FASE SINTOMÁTICA, A QUEIXA MAIS COMUM E A DOR ÓSSEA.

Cerca de 70 % dos pacientes com mieloma múltiplo apresentam dor de intensidade variada, frequentemente na região lombar ou nos arcos costais. A dor é intensa, repentina e pode ser um sinal de fratura ou colapso de um corpo vertebral ou outra estrutura óssea. Na maioria dos casos essa fraturas ocorrem sem associação com traumatismos o que chamados de fraturas patológicas. Muitas vezes um simples movimento brusco ou levantar um peso pode provocar fratura e dor.

Outros sintomas importantes são mal estar geral e cansaço associados a achado laboratorial de anemia, além de queixas indefinidas que são frequentes. Perda de peso significativa são raras, mas podem complementar o quadro.

Tanto a neutropenia como a hipogamaglobulinemia aumentam a susceptibilidade a infecções.

A hipercalcemia, presente em 30% dos pacientes ao diagnóstico, causa cansaço, sede e náusea. A precipitação de sais de cálcio pode levar a uma piora da função renal. A hiperviscosidade, devido aos níveis elevados de proteína do mieloma, pode provocar problemas como hematomas, sangramento nasal, visão turva, cefaleia, sangramento gastrointestinal, sonolência e uma variedade de sintomas neurológicos isquêmicos causados pela redução do suprimento de sangue e oxigênio ao tecido nervoso.

A doença sintomática requer tratamento que consiste em quimioterapia com associação de drogas seguida de transplante autólogo de medula óssea para os pacientes elegíveis ao TMO (transplante de medula óssea). Em alguns casos selecionados, a radioterapia faz parte da estratégia de tratamento.

O mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica que frequentemente, esta associada a quadro inicial de dores ósseas e anemia. Os avanços no tratamento com o surgimento de novas drogas mudaram a historia natural desta doença e aumentaram consideravelmente a sobrevida dos pacientes com mieloma múltiplo.

Sabemos que o diagnóstico tardio dificulta o tratamento, portanto, quando diagnosticado precocemente, o arsenal terapêutico é maior e as respostas ao tratamento melhores. Em caso de sintomas procure sempre um hematologista!

Dr. José Sávio S. Ferreira

Onco-hematologista

Formado pela Irmandade Santa Casa de Misericordia de São Paulo

http://www.abrale.org.br

http://www.abhh.org.br

imwg.myeloma.org

www.myeloma.org.br


 
 
 
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